domingo, 16 de maio de 2010

Com alma de Copa do Mundo, África do Sul goleia Tailândia em amistoso

Em estádio lotado, time de Parreira joga bem, faz 4 a 0 e empolga a torcida

O estádio mais colorido da Copa se pintou de amarelo para uma prévia do que será um jogo da África do Sul no Mundial. O adversário dos Bafana Bafana, na inauguração da arena de Nelspruit era a Tailândia, ainda mais frágil do que sugere sua 105ª colocação no ranking da Fifa. Mas a cidade se mobilizou como se recebesse um grande clássico. A torcida apoiou como se fosse uma decisão. E, mais importante, a seleção da casa se portou como se já estivesse na Copa do Mundo. Enxergou na camisa azul da Tailândia as cores de Uruguai e França, adversários do grupo A, e jogou no limite. Assim, fez 4 a 0 com autoridade e saiu muito aplaudida de campo.

Sim, repetindo: o adversário era apenas a Tailândia. Mas para uma seleção que há dois meses havia empatado em casa com a Namíbia houve claro progresso. Mesmo sem seus dois principais jogadores (o meia Pienaar, que ainda não se apresentou, e o atacante Benni McCarthy, fora de forma) a África do Sul teve total domínio do jogo. Errou poucos passes e trocou a bola com paciência, como pede o técnico Carlos Alberto Parreira. Com isso chegou com facilidade à área dos asiáticos. Mas organização e luta não significam talento, como lembrou o atacante Mphela aos 14 minutos, ao dar uma furada constrangedora de frente pro gol. Nos primeiros 20 minutos os anfitriões demonstraram a velha incompetência na finalização. Até que aos 21 o juiz viu falta tailandesa em desarme limpo próximo à área. Tshabalala ajeitou com carinho e jogou no canto esquerdo. A bola nem saiu com tanta força, mas entrou. África do Sul 1 a 0.

Tshabalala, o melhor em campo, foi também quem começou a jogada do segundo gol. Acertou belo chute da entrada da área e conseguiu o escanteio. Ele mesmo cobrou no segundo pau e Mphela empurrou para o gol: 2 a 0.

Parreira escalou o time com a mesma formação que pretende usar na Copa - três meias velozes e um centroavante. Dessa forma foram várias oportunidades de gol. O terceiro, aliás, foi um golaço, que começou com o meia Modise, passou pelo calcanhar de Tshabalala, voltou para Modise, dele para Mphela, na entrada da área, e daí para a rede: 3 a 0.

Os sul-africanos mantiveram o domínio na etapa final e quase fizeram o quarto, em uma grande triangulação na área que terminou na defesa do goleiro. A Tailândia só conseguiu assustar aos 20 do segundo tempo, em cobrança de falta de Sutu espalmada pelo goleiro Khune. Mas em uma hora e meia de futebol não conseguiu entrar com a bola dominada na área sul-africana sequer uma vez. Já a outra área parecia trem em Soweto, sempre cheia. Aos 40 quase saiu mais um, em outra troca de passes inspirada que terminou em gol anulado por impedimento. O 4 a 0 veio nos acréscimos, quando Parker arrancou com liberdade e fuzilou o goleiro.

O placar foi bonito, encheu a torcida de confiança, mas lembremos, pela última vez, que do outro lado estava a Tailândia. A África do Sul segue com deficiências que a colocam, em tese, como a quarta força do grupo A do Mundial. Nem há mais tempo para resolver a maioria delas. Mas neste domingo, mostrou exatamente aquilo que pode fazê-la perigosa - muita força na arquibancada e alma em campo. Sob o som ininterrupto das vuvuzelas, viveu um dia de Copa do Mundo.

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